Acao Social Tecnica

Somos fruto da mobilização popular!

A Ação Social Técnica (AST) é uma Organização da Sociedade Civil (OSC), sem fins lucrativos, fundada em 12 de julho de 1979 por mobilização popular. Está endereçada no bairro Lindéia, em Belo Horizonte e sua história se articula com a constituição do bairro, sendo fruto das demandas da população local. Na legislação, a AST está localizada no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), especificamente no Programa Municipal de Qualificação Profissional de Belo Horizonte. Essa localização se deu pelo seu público-alvo: pessoas com idade acima de 16 anos, das camadas populares, de baixa renda e usuários da Assistência Social.

BREVE HISTÓRICO

 
Para melhor compreender a Ação Social Técnica, consideramos importante explorar parte do histórico do bairro Lindéia, que se constituiu a partir do êxodo rural. Com as transformações político-econômicas dos anos 1960, pessoas de diferentes cidades do interior de Minas Gerais migraram para a capital em busca de melhoria de vida. Muitos destes foram contratados como operários em indústrias e empresas de Metalurgia de Contagem e Betim, que não tinham mão de obra local suficiente para a demanda de trabalho. O bairro Lindeia está localizado entre essas regiões, o que facilita o acesso às indústrias e às empresas. Na verdade, o bairro não existia nesse tempo, tratava-se de uma fazenda cujo proprietário era um médico e político importante na época, de nome Washington Pires (1892 – 1970) e parte deste território pertencia à sua esposa, Lindéia Sette Ferreira Pires.

 

Relatos da população local indicam que, com o falecimento de Lindéia Sette, a sua parte na fazenda foi vendida e loteada por uma empresa do ramo imobiliário, a Sancruza Imóveis e Incorporações (um convite para que os trabalhadores pudessem garantir moradia e se estabilizarem ali). Entretanto, não havia saneamento básico garantido nesse loteamento e, com o tempo, os operários sentiram a precariedade da moradia e também do trabalho que exerciam, havendo a necessidade de se capacitarem para aperfeiçoar seu trabalho e não permanecerem em cargos de remuneração precária. É nesse contexto que surge a Ação Social Técnica.

Rua das Perpetuas com Av Flor de Seda | Lindéia anos 1970 (Acervo AST)
Av dos Jardins | Lindeia anos 1970 (Acervo AST)

O NASCIMENTO DA AÇÃO SOCIAL TÉCNICA

 
O surgimento da AST como instituição concreta se deu pela relação com a Igreja Católica, a partir dos anos 1970. O primeiro gestor da paróquia do bairro, o jesuíta Miguel Ángel Elosúa Rojo (1932 – 2020), compreendeu as demandas dos moradores e as necessidades educacionais dos operários. Além da prática do sacerdócio, Miguel também trabalhava como metalúrgico e tinha conhecimentos no setor. Com isso, ele próprio se dispôs a partilhar o que aprendeu da área junto aos operários, que também tinham voz para partilhar seus saberes. Esse movimento aconteceu em concomitância com a construção da igreja Jesus Ressuscitado (atualmente nomeada Nossa Senhora da Abadia). A maior parte das capacitações foram realizadas no salão da igreja e outras aconteciam em espaços distintos do bairro. Com o tempo, a demanda por formações se ampliou, havendo a necessidade da criação de um espaço adequado. Assim, dois lotes foram adquiridos próximos à igreja, unificados e a estrutura necessária para as qualificações foi construída em mutirão, assumido pela própria comunidade, e aprimorada no decorrer do tempo. Equipamentos necessários para garantir a qualidade das formações, especialmente para o preparo da prática laboral dos educandos, foram adquiridos por meio de convênios com o Poder Público e instituições privadas. A inauguração do espaço aconteceu em fevereiro de 1983, com uma cerimônia junto à comunidade.

 

Inauguração 1983 | Participação da comunidade (Acervo Tio Beijo)
Fachada da AST, 1983 (Acervo Tio Beijo)
Primeiras turmas no novo espaço (Acervo Tio Beijo)

COMPROMISSO COM A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

 

O título Escola Profissional Tio Beijo é uma homenagem ao Benjamim Garcia (1906 – 1980), morador do bairro e importante liderança comunitária. Seu apelido era Tio Beijo (daí a referência no título da escola). Foi Benjamin quem encabeçou as lutas junto ao Poder Público para garantir melhores condições de vida no bairro. Nessa época, a população local se caracterizava majoritariamente por pessoas em situação de vulnerabilidade social e, sem apoio do Poder Público para assegurar o direto de acesso ao básico, era também uma população em situação de risco social. Nesse contexto, identifica-se que o papel fundamental da Ação Social Técnica, é o de contribuir para transformar tal realidade.

Com o tempo, políticas públicas de Assistência Social, bem como demandas por trabalho e educação,  foram se modificando, trazendo consequências para a Ação Social Técnica, que se reestruturou para atender as necessidades da população e continuar mantendo seu compromisso em oportunizar o acesso de pessoas mais desfavorecidas ao mundo do trabalho. Com a criação do SUAS em 2005, por exemplo, a Ação Social Técnica passa a atender as redes socioassistenciais de Belo Horizonte, com isso o público atendido pela Organização se ampliou e estes passaram a vir de regiões muito distantes. Assim, foi necessário repensar carga horária dos cursos ofertados (reduzir tempos e ajustar percursos), fortalecer novas parcerias para manter a qualidade nas formações. 

A AST NA CONTEMPORANEIDADE

 
A AST nos tempos atuais atende um público amplo e diverso de Belo Horizonte e região metropolitana. Desde a fundação, qualificamos milhares de pessoas que se efetivaram profissionalmente e progrediram em suas respectivas carreiras e escolha de áreas, permitindo-nos afirmar o quão potente é o nosso trabalho de qualificar pessoas em situação de vulnerabilidade e transformar sua realidade para melhor, gerando, assim, um impacto positivo na sociedade.

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